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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Botinas

Botinas no canto e a certeza de que João chegou. Às vezes não para conversar, não para rir, não para chorar mais, só para se chegar, para quem sabe conseguir descansar. Botinas brutas essas, simples e feias, mas que o levam para longe, que o protegem de si mesmo. Que respondem uma angústia antiga, de que é possível ainda ter esperança.
Mas João não enxerga as botinas que tem, não vê que seus pés não estão mais descalços, não repara que tem alguém que espera elas chegarem dia após dia como se as mesmas lhe pudessem mostrar-lhe o caminho de volta.
O caminho onde ainda conseguia ir até outros, que mesmo não sabendo como brincar, ainda brincava. Que mesmo não sabendo como proteger, ainda protegia. Que mesmo não sabendo o que se passava, olhava.
Na manhã seguinte elas estarão mais uma vez em seus pés e quando chegar não é a poeira delas que vão procurar, mas o homem que as carregam.

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