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quarta-feira, 14 de março de 2012

Monte de Pedras

Sonhos. Dúvidas. Perguntas. E eu tentando encontrar o meu lugar, tentando, quem sabe, não errar... Eu precisava ouvi-Lo.

Era uma manhã de sexta-feira quando me sentei no chão para ouvir sobre renúncia. Já havia escutado inúmeras vezes sobre esse tema e ainda assim olhando para dentro de mim, eu não podia negar, havia coisas que precisava renunciar e constantemente. Minha dúvida era o que ainda não conseguia ver, o que deixei passar despercebido, o que Ele gostaria de me falar naquele dia de NIKO?!?

Na minha direção estavam pessoas em um grande círculo, todas também sentadas. Mas não foram elas que chamaram minha atenção, mas sim um montão de pedras que havia atrás. Eu podia escutá-lo como que me perguntando o que era aquilo que acabava de ver. Na minha mente, eram apenas pedras amontoadas, e afinal que mais poderiam ser?!?

Embora elas me fizessem recordar as situações que não entendo, por que acontecem?...As pessoas que simplesmente partem, a esperança demorada, as fraquezas que nos assustam, as vitórias que conquistamos, os medos que escondemos, os sonhos à espera de confirmações... Sem o entendimento certo, tudo isso parecia fora do lugar, como aquelas pedras do montão.

O que parece é que quando escolhemos ver segundo nossas próprias perspectivas as coisas tendem a parecer desordenadas, fora do lugar, amontoadas, sem nenhum alinhamento. Quem sabe porque teimamos em querer alinhá-las às nossas próprias verdades. No entanto, em Deus nossas pedras são capazes de tomar uma forma que jamais poderíamos dar.

Foi nessa hora que me lembrei de homens como Abraão e Jacó que a cada vez que se encontravam com Deus, construíam um altar feito de pedras amontoadas, onde poderiam queimar suas ofertas a Ele. Erguer um altar dá sentido às nossas pedras, é a nossa marca na nossa própria história de que Deus está nela.

No fim, um monte de pedras é só um monte de pedras mesmo. A diferença está se apresentamos ou não a Ele. E aí então, talvez, sejamos capazes de compreender que nossas pedras existem não para nos parar, ou pesar em nossas mochilas, mas são os nossos memoriais de que Nele, aquilo que é bruto pode ser polido, de que aquilo que é pedra pode virar fundamento, de que aquilo que é só um montão num canto esquecido, pode se tornar um lugar perfeito para nos rendermos por inteiro.

sábado, 10 de março de 2012

No escuro...

As noites aqui não são tão escuras, há postes acesos numa rua fria. Sinto falta das estrelas que o céu escondeu, de deitar no chão cimentado frente à igreja depois de um dia cheio de trabalho, enquanto cantava músicas que aprendi quando ainda tentava firmar meus pés. Ficava imaginando o que elas poderiam estar tentando dizer ou para que rei apontavam. Por isso mostre-me as estrelas outra vez, o teu riso é o que eu preciso agora.

Para onde vou posso sentir o teu cheiro, ver o seu andar tão perto, seu jeito de ordenar as coisas, e como sabe que eu amo você sussurra baixinho como ninguém mais...Naquela época quando eu não sabia a que constelação elas faziam parte, você as desenhava no ar com os dedos contando seus nomes, naquele momento sabia que poderia ir a qualquer lugar.

Talvez eu seja o velho nômade a caminho de uma terra desconhecida vendo nas estrelas os retratos dos filhos que ainda não nasceram ou às vezes um rei mago atravessando cidades em busca daquele que anunciaram... Por isso, leve-me novamente sob o seu cuidado, não há mais medo em mim. Se o sonho é maior agora é porque você tem se mostrado muito maior do que eu imaginava.

Porque você brincou com os astros ao pintar os céus e diante dele toda a criação declara suas mãos, não é preciso agora trazer nada nelas, somente segure minhas mãos enquanto caminho. Enquanto há noite lá fora e estrelas aqui dentro.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Fitas na estrada- part. 2

Voltei uma vez mais àquele lugar, onde o programa de treinamento seria o mesmo só que agora aplicado em outros alunos. Para os que conhecem o que é o Niko, devem concordar que o clímax dos quatro dias de dinâmicas e ministrações junto ao cheiro da terra e ao campo, é fazer a TRILHA. E foi ela que me mostrou mais uma vez algo que eu precisava ver. Agora como obreira, deveria sair como guia de uma nova equipe, para seguirem as fitas.

Aprendi na primeira vez que passei por aquele caminho, que meu guia sempre parava na última fita enquanto eu estivesse procurando a próxima marca que me indicaria para que direção ir, que ele não nos contava pelo que iríamos passar ou que surpresas ainda poderíamos ter, apenas deveríamos confiar e seguir os sinais espalhados por todo o nosso percurso. O que eu não sabia é o quanto seria difícil parar a cada trecho na última fita enquanto outros fizessem suas próprias descobertas e escolhas.

O dia de sair para trilha chegou, arrumo a bolsa com pão dentro e roupa de banho agora, as três cachoeiras não seriam mais surpresas dessa vez seria só Ele nos levando para águas de descanso, um descanso que eu sabia poder encontrar Nele. O que não achava ser possível era ir outra vez com o meu antigo guia pra fazer a caminhada, era mais provável com qualquer outro obreiro, no entanto lá estava novamente na minha equipe. Quando olhei bem para a figura de guia que exercia, já não era meu colega de trabalho, mas era Ele me chamando a andar lado a lado.

O que parece é que só passarmos pelo Caminho e conhecê-lo não é bastante para Ele. Seu desejo é nos levar a outros para que outros o vejam também e aprendam a ver as fitas Dele, em nossas estradas.

Como eu já havia passado por aquela trilha, em vários momentos para mim caminhar e seguir em frente havia se tornado mecânico. A questão é que só percebia isso, quando minha equipe continuava andando mesmo sem ver a fita seguinte e quando eu via meu antigo guia parado lá trás na última direção percebida. Ás vezes é exatamente isso que acontece conosco. Estamos tão habituados com o caminho em que andamos que passar ou realizar algo nele acaba se tornando algo mecânico, às vezes simplesmente porque insistimos acreditar que já sabemos. Eu precisava novamente olhar para trás e ver que meu lugar agora não era no meio ou na frente da equipe procurando a fita. O meu lugar era ao lado Dele, parando quando Ele pára e seguindo quando Ele segue. Percebi que novamente a última fita continuava querendo me falar algo, que eu precisava me lembrar qual era o meu papel. E que não era preciso estar ansiosa por coisa alguma, nem chegar onde eu pensava ser “incrível” chegar, tão pouco interferir nas escolhas do outro. Sobre isso, num determinado ponto da trilha, toda a equipe já estava faminta e caminhando por um bom tempo sem almoço. Havia nesse momento, duas fitas na mata indicando nossa entrada e abaixo da descida que nos esperava poderíamos encontrar a parada perfeita: nossa primeira cachoeira. O interessante é que todos podiam vê-la, mas a decisão foi sentar no meio da estrada, abrir a bolsa ali mesmo e comer a segunda refeição do dia. Como guia não podia interferir nisso, embora confesse que eu desejasse. Isso me fez pensar nas vezes que eu estou tão próxima de chegar a um lugar BOM, num lugar que Ele, meu Guia deseja me apresentar. E a minha escolha é me sentar no meio do caminho e dizer “agora não.” Talvez estejamos num momento em que Ele está nos dizendo para prosseguir, para atravessar e nós insistimos em dizer o quanto nos é difícil, o quanto cansamos de esperar, o quanto não suportamos mais... E talvez seja isso mesmo que Ele queira nos dizer, que não estamos tão distantes quanto pensamos. Que há lugares exuberantes, de descanso, de renovo, tão perto de nós. Há sinais a toda parte em nosso caminho, se não conseguimos escutá-los as fitas nos falam.

No fim, não importa quantas vezes passamos pelo mesmo trajeto, a paisagem muda, os sinais são outros. E não importa há quanto tempo realizamos uma determinada tarefa ou papel, as fitas na estrada não nos permiti um andar mecânico. Não somos chamados simplesmente a cumprir uma carreira, mas completá-la.(II Timóteo 4:7) Isso faz mais sentido do que apenas terminar algo, porque completar nos remete a preencher, ocupar. E é isso o que Ele nos diz quando nos leva uma vez mais por um caminho que podemos dizer que “já andamos”, e quem sabe a entendermos que completar a carreira se refere a termos ocupado o nosso lugar nela.

Retorno da trilha, e há fitas também aqui me levando sempre de volta a Ele. O que me leva a pensar que nosso destino ou propósito maior não é chegar numa terra ou a um “posto”, mas chegarmos a Ele. Essa é a nossa trilha, nosso caminho, nossa verdade e vida