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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Em treinamento...

Semana de treinamento e mais uma nova etapa iniciando, nos reunimos no escritório outra vez. Pego uma folha e tento pensar sobre o exercício dado, mas tudo o que sai são apenas rabiscos. A tarefa consistia em dar algum tipo de definição sobre o que é RELACIONAMENTO, e sabe gosto disso, de pensar no que as coisas são, no que elas significam de verdade. De correr para o dicionário, para a história delas, até enxergá-las aqui dentro.
Talvez a melhor palavra que defina relacionamento seja doação. Ela foge ao nosso sistema, foge ao capitalismo. Nele não se vende um produto ou uma imagem. Nele se entrega um pouco mais de si mesmo em transparência, confiança e compromisso. Deve ser por isso que é tão difícil nos relacionarmos, porque no fundo não fomos treinados para isso. Pra escolher em primeiro lugar o outro em vez de nós mesmos.
Às vezes pensar em doar algo pode trazer a nossa memória os dias onde abrimos o nosso guarda-roupa, e separamos as roupas velhas, aquelas que temos por um bom tempo. As que não usamos, as que foram remendadas uma, duas, ou três vezes. E parece que em alguns momentos é isso mesmo que entregamos para as pessoas ao nosso redor, coisas que não sabemos como lidar ou onde colocar e esperamos que outros possam desfrutar ou ao menos responder de algum modo a elas. Ou quando emprestamos coisas de nós mesmos e que geralmente não voltam como as entregamos.
Por outro lado, doar coisas que possuímos não é bem o grande desafio, mas nos entregarmos, ao mesmo tempo em que nossos medos e defesas declaram rendição. Se há algumas garantia nisso?! Garantia se não nos perderemos no meio do caminho, se seremos desprezados, se não terá sido em vão acreditar?
É aí que o amor parece entrar ao nos dizer que nossa maior garantia talvez seja realmente viver!
Nisso tudo, não é a definição da palavra relacionamento ou do verbo viver que precisa ser mudada. Mas sim, melhorar o que chamamos de amor. Se pensar assim nos levará a sinônimos do tipo doação... Que assim seja!
Se para uns, isso pareça ser simplesmente a porta estreita para nós deveria ser o nosso retorno ao jardim, a nossa volta a viração do dia quando Ele então nos chamaria e responderíamos a Sua Voz.
Seria gênesis outra vez!
Voz... Cadê a fala, onde está a palavra
Que a nossa justiça levou?
Ainda há pão e circo sendo oferecido em cada esquina
Fazendo o povo ri enquanto é roubado.
Um povo que morre um pouco mais a cada dia
Porque não tem conhecimento.
Embora estejamos na era da informação, ainda há gente perdida sem saber o que está acontecendo.
Agora me diga se a escravidão foi abolida por que então inventamos outras maneiras de escravizar as pessoas e mesmo porque nos deixamos escravizar? Por que há pessoas que vendem sua beleza, que se fazem partes dos produtos que compram?
Talvez, no fundo se saiba que não compramos de fato a mercadoria, mas sim a idéia do que poderíamos ser com ou sem ela. Essa é a nossa batalha pelo nosso conforto, pelo nosso lugar ao sol junto a um sistema que só nos garante bronzeamento artificial e que dita uma sentença de morte ao homo sapiens. Porque na prática esquecemos que somos humanos. E assim às vezes, “só às vezes” esquecemos quem somos.