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sábado, 19 de novembro de 2011

Como um pássaro

Momentos de paz como esse agora me fazem olhar para o céu. É quando lembro que há algo maior do que eu, maior do que penso ou imagino. Ele parece trazer um sinal para mim no bico de um beija-flor.Como se esse gracioso pássaro pudesse dizer que para alcançarmos o que precisamos basta usar o que já temos. Não carregamos bico, é verdade, mas temos mãos habilidosas e dons que às vezes esquecemos.
O beija-flor parece anunciar que há momentos que colhemos coisas das quais não semeamos, de que generosidade é algo que a vida nos oferece.
...Podemos mesmo não ser um beija-flor, mas talvez tenhamos asas para ir mais longe.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma menina e sua semente

Momentos especiais precisam ser registrados por isso são 21:00h no relógio da minha amiga ao lado. A hora em que cantamos “Parabéns” para semente dela. Há seis dias carregamos nossas sementes de feijão de um lado a outro, na expectativa de vê-los crescer. Quando criança, isso era simplesmente uma tarefa de casa, o que hoje mais consiste num grande exercício de fé.

Para alguns, isso pode não ser um desafio, mas para aqueles que não conseguiram nem dar água para um pequeno cacto, ser paciente e extremamente perseverante acaba se tornando a maior tarefa.

Havia agora, bem diante de mim, uma menina e sua semente. Ela a chamava de Flor. Mesmo quando antes não se encontrava nada... Até poucas horas não se via broto algum, apenas um algodão cercando seus feijões. Parecia ser um milagre. Sim, foi exatamente essa palavra que a menina usou. E como discordar disso?! Como dizer que, milagres não acontecem mais com tanta frequência?! Se eles estão aí por toda parte... Como duvidar que vale a pena esperar mesmo quando não se vê nada brotando?!

A verdade é que às vezes enxergá-los seja difícil mesmo... Talvez porque tenha chegado à hora de trocar as lentes que usamos para vê-los. Talvez porque seja preciso deixá-las definitivamente...

Aquele grão de feijão parecia gritar a cerca de milagres, como se dirigisse a minha própria semente, que parecia se esconder em meio a terra em que foi lançada. Eu deveria saber que pequenas sementes escondem as maiores árvores. Que cultivá-las é um processo que leva a outros ao descanso, que o importante não é saber como elas acontecerão, mas como faço minha parte.

Ou quem sabe o necessário seja simplesmente crer que o que temos nas mãos é suficiente.

Para quem duvida que milagres ainda acontecem, deixe-me apresentar uma menina e sua semente...

domingo, 13 de novembro de 2011

Matatias

“José, filho de Matatias, Matatias, filho de Amós, Amós, filho de Naum, este filho de Esli, filho de Nagai;” Lucas 3:25

As ruas estavam movimentadas de um lado e um tanto vazias de outro. Não era muito tarde quando chegamos, ainda havia pessoas comprando, esperando ônibus e outras tentando se aquecer. Era uma noite fria ali, um tanto incomum para a cidade. Rio de Janeiro parece não querer dormir, mesmo que na manhã seguinte tenha que despertar antes do sol nascer. Nesse dia, enxerguei Matatias. Não sabia o porquê que ele me chamou atenção, sua presença ali na genealogia de Jesus me intrigava, queria saber sua história, seus sonhos, seus medos, suas conquistas, sua aparência, suas escolhas.

Foi aí que Matatias começou a me perseguir... Não era a primeira vez que me deparava com a descrição da linhagem que veio Jesus, no começo sempre que me via diante de genealogias, pensava em pular para o próximo capítulo. Afinal, genealogias é só o registro de nomes que parecem não acabar, era o que pensava. Mas eu estava enganada, era mais que isso. Todos aqueles nomes ali pareciam ainda ter olhos e querer falar. Todos eles apontavam para duas coisas, que Jesus veio para eles e através deles e que toda a história começou com o Pai e seu Filho... E Matatias estava bem ali, se olhasse para traz veria homens que andou com Deus e homens que Deus levou, veria um simples pastor chamado a ser rei, e um que foi chamado de amigo de Deus, encontraria um sonhador que foi elevado a governador, e profetas que não se calaram diante das injustiças de sua geração. Fui para a rodoviária da cidade com Matatias na mente, pensando qual poderia ser sua história, e como eu não o tinha enxergado antes?! Nessa noite eu tinha uma missão junto a minha equipe levarmos um sopão para moradores de rua no centro da cidade, o que para alguns seria a primeira refeição do dia.

Atravessamos a avenida junto a pessoas que nunca vimos. Pessoas bem vestidas, limpas e com pressa. Ninguém olhou para trás para ver quem era ou para cumprimentar, eram só pessoas cruzando o mesmo caminho.Nenhuma delas pareceu de fato olhar a senhorinha que do outro lado da rua fuçava bolsas de lixo como que procurando algo de muito valor. A princípio nem mesmo eu a vi...Ela trazia nas duas mãos várias sacolas de mercado, de longe quem a olhasse poderia até pensar que tinha acabado de fazer compras. Ali estava tudo o que possuía: algumas roupas, uma pequena panela e uma colher. Enquanto ela guardava a comida que lhe entregamos, garantindo assim que teria comida amanhã, perguntei se poderia abraçá-la. Queria abraçá-la forte, era uma velhinha muito agradável, de cabelos bem brancos e olhos escuros que pareciam sorrir junto com os lábios. Não tinha nenhum dente na boca, mas o seu sorriso era fantástico, aquele que convida a gente pra sorrir também. Seu nome era Marta, não tinha família, havia sido deixada num trem quando tinha oito anos e sua história foi construída na rua. Mas ela não parecia triste ou amargurada, trazia uma amabilidade que constrangia. Depois de nos despedirmos de Marta, encontramos um rapaz novo um tanto perdido e confuso. Tinha acabado de brigar com o irmão que vivia também na rua. Os dois haviam fugido de casa, a rua parecia ser um lar melhor para eles ainda que com dificuldades. Ainda que tivesse conhecido pessoas e entrado em “negócios” que o levaram a parar no hospital.

Seu nome? Sua história?! Ele me fazia lembrar Matatias assim como Marta o fez. Alguém que ninguém sabia quem era, mas que Deus desejou incluir em Sua família. Alguém que talvez não tenha realizado nenhum grande feito, mas que estava ali na genealogia do próprio Cristo. Assim como Matatias esperava a vinda do próprio Messias, ali estavam os dois à espera Dele. A única imagem que eles tinham era de um Cristo, num morro, de braços abertos que não se movia para eles.

Isso me fez pensar quantas pessoas não sabem quem são, de onde vieram, quantas pessoas estamos deixando passar de modo invisível para nós. Quantas pessoas não abraçamos ou viramos as costas porque não são aquilo que esperamos, porque não podem oferecer aquilo que achamos precisar. Matatias me mostrou um amor que vê, Deus o viu e ele estava ali numa linhagem de grandes homens e mulheres, não perfeitos mas cheios de fé e perto de Deus. Naquela noite Davi se reconciliou com Cristo, esse era o nome do rapaz que falamos. Havíamos assim encontrado Matatias, alguém que Deus viu quando poucos conseguiam vê-lo. – Por Angel Blumer

Desafio de hoje:Sinta-se encorajado a promover pessoas, a tirá-las do anonimato, a amar sem condições ou pré-conceitos.