“E
disse aos filhos de Israel: Quando, no futuro perguntarem a seus pais, dizendo:
Que significam essas pedras? Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel
passou em seco este Jordão.” – Josué 4:21, 22.
Era um
fim de tarde, quando desci para biblioteca do Sesc de Caldas Novas, eu
precisava Ouvi-lo, precisava ler o Seu livro. Algumas coisas estavam ardendo no
meu coração, mas não sabia para onde elas me levariam, nem ao certo o que
seria. Quando, de repente entra um pai com seus dois filhos ali... O menino
logo correu para as prateleiras para ver o tinha de interessante, para sua
alegria encontrou algo que parecia ser uma enciclopédia, acenou para o pai
mostrando se podia escolher aquele para ler e a resposta dele para o filho foi
um sorriso. Era o sim daquele pai. Sua filhinha menor também queria ter algum
livro em mãos, como ela não sabia ler nem tão pouco qual escolher, o pai tirou
um pequeno livro da estante e sentando numa poltrona ao lado da filha, pois se a
contar o que diziam as imagens daquela história.
Naquele
momento, não era só eu que estava entretida com o cuidado e carinho daquele pai,
havia uma menina do outro lado da sala que estava esperando a mãe acabar o trabalho.
Diferente de mim, ela não se agüentou e foi bem de mansinho ficar ao lado
daquele homem. Assim também é o nosso relacionamento com Deus, quanto mais
próximos estamos Dele, mais outras pessoas se sentem atraídas a se achegarem
mais perto. Era como se eu pudesse ouvir através daquela cena: “Olhe o que tem
nas prateleiras pra você, filha! Deixa eu te contar uma história também, quando
Israel passou a seco o Jordão.”
Ele
não estava dizendo ao povo judeu- “Ei, atravesse a rua, filho!” ou “Hora de
atravessar a ponte. Não!!! É mais ou menos assim: Agora que você já atravessou o deserto,
atravesse o rio filho! Mas espere, não é a nado nem com o seu barquinho...atravesse
a pé e observe!”
...Quando
se trata de atravessar com Ele, é passar por onde não há caminho aparentemente.
Devia ser por isso que Josué ouvia tanto
sobre ser corajoso! Afinal, não se limitar pelo o que vemos é um ato de coragem
também, é como reescrever a realidade pela fé. Isso parece afetar todos nós,
porque a verdade é que a nossa tendência é sempre nos acomodarmos. E o mais
incrível disso é que conseguimos nos acomodar não só com o que é confortável,
mas também com os problemas, com as doenças, com as limitações. Algumas pessoas
poderiam chamar isso de adaptação ou superação, mas no fundo nós sabemos que
sempre receamos atravessar...
Travessia
faz parte de caminhar com Deus. Atravessar o mar vermelho, passar pelo deserto,
atravessar o rio a seco faz parte de quem está construindo uma história com
Deus, quem está conquistando uma herança.
Israel
tinha passado por momentos difíceis e momentos bons, mas eles ainda não haviam
alcançado a promessa. Era necessário voltar à palavra inicial quantas vezes
fosse preciso... 40 anos no deserto poderia fazer com que qualquer um se
acostumasse. Havia coluna de fogo à noite para aquecê-los, nuvem de dia,
codornizes, água da rocha, os murmuradores haviam morrido e ainda caía pão do
céu! Muitos dos que restaram não conheciam ou não lembravam direito da onde
haviam sido livrados, muitos nasceram ali mesmo. E é quando nos acostumamos com
o deserto que precisamos nos lembrar que não paramos de atravessar. É preciso
ainda seguir e acreditar.
Fecho os olhos e fico tentando imaginar o rosto
daquele povo ouvindo Josué falando sobre isso, alguns deviam ter os olhos
cheios de lágrimas enquanto retomavam o sonho antigo e outros um novo sorriso
como quem descobre que pode ir mais longe. Penso que é isso que Ele espera de
nós, que não paremos de sonhar, que o enxerguemos tal como Ele é... Grande!!!
Tal qual aquele homem do início que explicava para a
filha uma história antiga na expectativa não só de entretê-la, assim o nosso
Pai ainda o faz. Na expectativa de que possamos fazer história com Ele.
Para alguns atravessar pode significar virar a página,
pular a linha ou começar um novo capítulo... No fim, o que importa mesmo é
escrever sob as mãos Dele. Porque o que nós sabemos agora é que quando elas se
movem o rio abre e os pés passam a seco.
.