Voltei uma vez mais àquele lugar, onde o programa de treinamento seria o mesmo só que agora aplicado em outros alunos. Para os que conhecem o que é o Niko, devem concordar que o clímax dos quatro dias de dinâmicas e ministrações junto ao cheiro da terra e ao campo, é fazer a TRILHA. E foi ela que me mostrou mais uma vez algo que eu precisava ver. Agora como obreira, deveria sair como guia de uma nova equipe, para seguirem as fitas.
Aprendi na primeira vez que passei por aquele caminho, que meu guia sempre parava na última fita enquanto eu estivesse procurando a próxima marca que me indicaria para que direção ir, que ele não nos contava pelo que iríamos passar ou que surpresas ainda poderíamos ter, apenas deveríamos confiar e seguir os sinais espalhados por todo o nosso percurso. O que eu não sabia é o quanto seria difícil parar a cada trecho na última fita enquanto outros fizessem suas próprias descobertas e escolhas.
O dia de sair para trilha chegou, arrumo a bolsa com pão dentro e roupa de banho agora, as três cachoeiras não seriam mais surpresas dessa vez seria só Ele nos levando para águas de descanso, um descanso que eu sabia poder encontrar Nele. O que não achava ser possível era ir outra vez com o meu antigo guia pra fazer a caminhada, era mais provável com qualquer outro obreiro, no entanto lá estava novamente na minha equipe. Quando olhei bem para a figura de guia que exercia, já não era meu colega de trabalho, mas era Ele me chamando a andar lado a lado.
O que parece é que só passarmos pelo Caminho e conhecê-lo não é bastante para Ele. Seu desejo é nos levar a outros para que outros o vejam também e aprendam a ver as fitas Dele, em nossas estradas.
Como eu já havia passado por aquela trilha, em vários momentos para mim caminhar e seguir em frente havia se tornado mecânico. A questão é que só percebia isso, quando minha equipe continuava andando mesmo sem ver a fita seguinte e quando eu via meu antigo guia parado lá trás na última direção percebida. Ás vezes é exatamente isso que acontece conosco. Estamos tão habituados com o caminho em que andamos que passar ou realizar algo nele acaba se tornando algo mecânico, às vezes simplesmente porque insistimos acreditar que já sabemos. Eu precisava novamente olhar para trás e ver que meu lugar agora não era no meio ou na frente da equipe procurando a fita. O meu lugar era ao lado Dele, parando quando Ele pára e seguindo quando Ele segue. Percebi que novamente a última fita continuava querendo me falar algo, que eu precisava me lembrar qual era o meu papel. E que não era preciso estar ansiosa por coisa alguma, nem chegar onde eu pensava ser “incrível” chegar, tão pouco interferir nas escolhas do outro. Sobre isso, num determinado ponto da trilha, toda a equipe já estava faminta e caminhando por um bom tempo sem almoço. Havia nesse momento, duas fitas na mata indicando nossa entrada e abaixo da descida que nos esperava poderíamos encontrar a parada perfeita: nossa primeira cachoeira. O interessante é que todos podiam vê-la, mas a decisão foi sentar no meio da estrada, abrir a bolsa ali mesmo e comer a segunda refeição do dia. Como guia não podia interferir nisso, embora confesse que eu desejasse. Isso me fez pensar nas vezes que eu estou tão próxima de chegar a um lugar BOM, num lugar que Ele, meu Guia deseja me apresentar. E a minha escolha é me sentar no meio do caminho e dizer “agora não.” Talvez estejamos num momento em que Ele está nos dizendo para prosseguir, para atravessar e nós insistimos em dizer o quanto nos é difícil, o quanto cansamos de esperar, o quanto não suportamos mais... E talvez seja isso mesmo que Ele queira nos dizer, que não estamos tão distantes quanto pensamos. Que há lugares exuberantes, de descanso, de renovo, tão perto de nós. Há sinais a toda parte em nosso caminho, se não conseguimos escutá-los as fitas nos falam.
No fim, não importa quantas vezes passamos pelo mesmo trajeto, a paisagem muda, os sinais são outros. E não importa há quanto tempo realizamos uma determinada tarefa ou papel, as fitas na estrada não nos permiti um andar mecânico. Não somos chamados simplesmente a cumprir uma carreira, mas completá-la.(II Timóteo 4:7) Isso faz mais sentido do que apenas terminar algo, porque completar nos remete a preencher, ocupar. E é isso o que Ele nos diz quando nos leva uma vez mais por um caminho que podemos dizer que “já andamos”, e quem sabe a entendermos que completar a carreira se refere a termos ocupado o nosso lugar nela.
Retorno da trilha, e há fitas também aqui me levando sempre de volta a Ele. O que me leva a pensar que nosso destino ou propósito maior não é chegar numa terra ou a um “posto”, mas chegarmos a Ele. Essa é a nossa trilha, nosso caminho, nossa verdade e vida
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